Na Filosofia da Ciência contemporânea há duas tendências que avaliam
os procedimentos e fundamentos do cientista. Uma é a Tendência Histórica
e a outra é a Tendência Analítica.
Assim como o Círculo de Viena, Popper faz parte da Tendência Analítica que prioriza o aspecto metodológico no desenvolvimento científico, o também chamado contexto de justificação. Porém, apesar da adesão comum, Popper é, talvez, o crítico imediato de tudo o que foi estabelecido no Círculo de Viena.
Em primeiro lugar, Popper não elimina a metafísica; simplesmente,
assim como Kant, tenta delimitar os campos de atuação desta e da
ciência. Em segundo lugar, esta delimitação ocorre pelo fato de Popper
não atentar para o conceito de significação, unicamente como critério de
demarcação ou de impossibilidade da metafísica. Em terceiro lugar,
Popper critica a forma de proceder por indução. Esta
permitiria apenas uma semelhança de regularidade que proporcionaria uma
coletânea de fatos que impossibilita que se refute uma teoria.
Por conseguinte, Popper formulou um novo método. É o modelo hipotético-dedutivo.
Para Popper, a busca do conhecimento não se dá a partir da simples
observação de fatos e inferência de enunciados. Na verdade, esta nova
concepção pressupõe um interesse do sujeito em conhecer determinada realidade que o seu quadro de referências
já não mais satisfaz. Por isso, a mera observação não é levada em
conta, mas sim uma observação intencionalizada, orientada e seletiva que
busca criar um novo quadro de referências.
É assim que surge o modelo hipotético-dedutivo. A partir da seleção
do objeto a ser observado, e verificada a insuficiência do quadro de
referências, o cientista formula uma hipótese geral da qual se deduzem
consequências que permitem a possibilidade de uma experiência. Aqui já
não mais é necessário verificar para atribuir significado, isto é,
verdade ou falsidade, mas a tentativa é de refutar a teoria que permite o
estabelecimento de um conhecimento e a possibilidade de seu
desenvolvimento. É o critério da Falseabilidade.
A Falseabilidade ou sua tentativa é, pois, o
critério de demarcação entre o que é científico e o que é metafísico,
mítico ou poético etc., substituindo o conceito de Verificabilidade do Círculo de Viena.
Para Popper, este método caracteriza (senão acentua) o aspecto criativo
da ciência em detrimento ao modelo da inferência que não responde por
nenhuma expectativa do sujeito/cientista.
terça-feira, 30 de setembro de 2014
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